Observando as comunicações sobre ESG, desde artigos acadêmicos, palestras, cursos e consultoria, é possível perceber dois pontos interessantes nas argumentações e que vamos compartilhar com vocês.
O risco é um argumento principal para a adesão ao ESG. Seja pelas mudanças climáticas e sociais, pelas regulações, pelas fiscalizações, pelas mudanças de critérios de cadeias de compras ou de compliance de parceiros comerciais. O ESG é colocado como uma solução para se reduzir passivos, evitar passivos e atender exigências. Quem seguir este caminho ficará em uma posição adequada para a continuidade dos negócios.
É verdade, o ambiente dinâmico dos negócios traz riscos e as adequações precisam ser realizadas. Não é privilégio de ESG, pois todas as áreas de uma empresa precisam se adaptar. A engenharia, o jurídico, o marketing e comercial, a logística, o RH e o financeiro. E neste ponto não estamos dizendo somente que as empresas grandes e estruturadas são as únicas que fazem o acompanhamento e a ação. Empresas médias e pequenas fazem isto também.
A velocidade de implementação é que muda. Algumas empresas são pioneiras, trazem as mudanças antes do mercado e obtém vantagens se a sua leitura do risco estiver correta. Outras vão somente depois do sucesso das pioneiras, e outras somente quando o seu cliente, ou a legislação ou a fiscalização apertarem. Entendemos então que o grau de urgência varia na avaliação do risco empresarial e não necessariamente na relevância.
Alguns exemplos recentes mostram este comportamento. As vinícolas no sul do Brasil, frente a contratação de trabalhadores rurais temporários. As empresas de produção de energia eólica no processo de licenciamento dos empreendimentos e as pressões sobre o tema de racismo ambiental. As montadoras frente aos temas de eficiência energética e transição energética na sua linha de produtos.
Por outro lado, a oportunidade é um argumento mais difícil de encontrar na busca pela adesão ao ESG. A construção de ativos, de diferenciais competitivos, de redução de custos ou eficiência da cadeia de valor, novos produtos ou novos mercados.
Nós entendemos que o ESG tem potencial para as diversas oportunidades citadas acima e que a construção destes ativos passa também pela análise de relevância e de urgência. Construir ativos com a lente de ESG traz inúmeros benefícios tangíveis para o modelo de negócio, a sua maioria de médio e longo prazo.
Também há exemplos de oportunidades como o setor de biotecnologia para o agro, os projetos de energia renovável e suas diferentes fontes de geração, o setor de construção civil com produtos diferenciados ao mercado. A construção de ativos em produtos, processos, sistema, serviços, equipes, pesquisa, conhecimento, modelos entre outros é o que possibilitou a existência da vantagem competitiva em ESG.
Nem risco e nem oportunidade surgem se a Governança não abrir espaços. Como peça chave, a Governança da empresa deve trazer uma dinâmica de acompanhamento de mudanças no mercado onde o modelo de negócio atua, e estar discutindo de forma regular a relevância e urgência. Processos e grupos de trabalho podem trazer este movimento. Ao longo dos anos esta prática se transforma em cultura e valor estratégico.