NOVIDADES ESG

QUANDO AS ANÁLISES SOBRE ESG FALHAM

Em 19 de outubro de 2024, a Revista Oeste publicou um artigo escrito por André Burger com o título ”RIP ESG”. Uma alusão que o ESG está morto na pauta dos negócios neste ano de 2024.

O texto procura traçar um paralelo entre o desenvolvimento social e o desenvolvimento dos negócios, colocando que ESG não teve poder de transformação almejado. E traz vários exemplos de reivindicação como Zero Carbon, Black Live Metters, Greta Thumberg, No Nukes entre outros. O texto também traz dados históricos que ligam o desenvolvimento social e ambiental feitos por meio de conquistas e melhorias sanitárias, de produção de alimentos e de tecnologia guiadas pelo livre empreendedorismo.

Não há como discordar que tais avanços, principalmente conquistas básicas no século XVIII e XIX, fizeram com que o mundo desse um salto na redução de mortalidade infantil e adulta. A qualidade da água e o surgimento de medicamentos foram essenciais para as populações, tanto que a sua universalização é uma necessidade até os dias de hoje.

Mas quando o texto procura fazer o paralelo a ESG, ele comete um erro muito comum de achar que ativismo social ou ambiental é ESG. E não vemos desta forma.

O ativismo social ou ambiental não nasce das necessidades dos negócios. Ele nasce das visões de mundos de determinados grupos organizados e politicamente ativos. Portanto não traz consigo preocupações de gestão com conceitos, indicadores, processos, medição e comunicação. O ativismo com os exemplos citados acima não são movimentos empresariais e não devem ser colocados desta forma.

O que é então ESG? Nossa resposta é o seguinte – ESG é uma lente para a gestão de qualquer modelo de negócio. Esta lente orienta a empresa a buscar melhor equilíbrio nos eixos ambiental, social e de governança, permitindo que se possa ter melhor desempenho financeiro, jurídico, produtivo, logístico, comercial ou de recursos humanos. Óbvio que isto depende do seu momento atual, da atuação setorial, da sua situação de caixa, de risco ou de oportunidade.

Outro ponto importante para se comentar é que há uma parte do sistema de gestão empresarial que está progredindo em desenvolver de forma estruturada, metodologias de gestão e performance para ESG. Um deles, e sempre citados por nós, é a ABNT PR2030, um documento completo, dinâmico e inovador, pois permite que a empresa escolha o seu posicionamento de maturidade de gestão para critérios ESG que vão desde o elementar até o transformador, de acordo com as estratégias de negócio. Não há nada de ativismo. São escolhas conscientes e que devem fazer sentido para a gestão.

Em outro trecho do artigo, Burger coloca de forma ácida que ESG é elitista e que um pequeno empresário não tem tempo ou motivação para isto. A colocação feita é elitista, pois traz a mensagem que o pequeno empresário ou produtor não consegue ter preocupações ambientais, sociais ou de governança de forma genuína. Conheço centenas de exemplos que negam esta colocação. O SEBRAE também. Produzir hoje com racionalidade e com menor risco de passivos é algo natural para qualquer empreendedor. Isto se chama eficiência e todos buscam naturalmente por ela para perpetuar o negócio. O ESG pode ajudar como lente. Até em salão de beleza nos centros urbanos ou produtores de hortaliça em um cinturão verde de uma capital.

Ou seja, com estas colocações, não há como confundir reivindicações socioambientais ativistas e políticas com ESG. Em sociedades democráticas é correto dizer que o mundo político se posiciona em diversas frentes para influenciar as políticas publicas e o marco legal. Faz parte do jogo democrático e por este motivo a ONU se pronunciou, de forma política e pública, em relação ao papel empresarial global. Com certeza perceberam que não adiantava falar somente com os políticos e que falar com empresários seria mais direto. E incluíram o mundo financeiro no diálogo, pois sabem perfeitamente que o mundo capitalista hoje se guia pelos resultados espelhados na bolsa e em fundos de investimentos. Hoje ampliaram o diálogo e falam com cientistas e buscam influenciadores digitais. Tudo normal.

Ao final do artigo, ESG é tratado como farsa e sua morte é decretada. Caro Burger, aqui falta informação e atualização. Pegar iniciativas e modismo que não deram certo e generalizar não traduz a realidade. As empresas que procuraram se aproveitar somente da reputação institucional e embarcaram na aceitação dos movimentos, normalmente não conseguem sustentar os programas no médio e longo prazo já que a gestão não faz sentido. Há vários exemplos globais como Toyota e John Deere. Dizer também que na falta do petróleo russo as termoelétricas a carvão foram religadas também não decreta o fim do ESG. Isto não é o todo. 

Minha sugestão é acompanhar o ESG como metodologia, conceito, gestão e indicadores. E levar o tema para debate inclusive no Instituto Liberal, do qual você é conselheiro. Se a missão do instituto, colocada em seu site, é de “difundir e defender o liberalismo, em suas diversas vertentes teóricas, e as vantagens de seus princípios e agendas para a sociedade.”, há um papel público e político que quer ser exercido. O liberalismo com equilíbrio socioambiental e governança é o melhor que o mundo empresarial pode oferecer. Decretar a morte de ESG de forma superficial não ajuda em nada. 

Todos nós estamos no mesmo planeta.

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