NOVIDADES ESG

O Diabo Mora Nos Detalhes

Ética é o conjunto de valores e princípios que orienta a conduta e viabiliza o convívio e a evolução do ser humano em sociedades cada vez mais complexas. Ela deriva do senso de coletividade e interdependência que impulsiona os indivíduos a colaborarem com o desenvolvimento da sociedade, direcionando suas ações em busca do bem comum. Esta é a definição no mais recente Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa publicado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Frequentemente, somos surpreendidos com notícias que trazem informações, a princípio surpreendentes, sobre empresas que considerávamos idôneas e que surgem envolvidas em falcatruas, fraudes fiscais, greenwashing ou simplesmente na divulgação de meias verdades. Mas, se formos investigar a fundo, entenderemos que a surpresa só ocorre porque quem trabalha de forma ética e verdadeira, quem sua a camisa para chegar aos melhores resultados com trabalho, custa a acreditar nos motivos obscuros que levam lideranças a atuarem de forma contrária. Na maioria das vezes é para o bem próprio. Para que os resultados alcancem ou superem o estabelecido no planejamento e, desta forma, estes líderes sejam valorizados e aumentem consideravelmente seus bônus, desconsiderando riscos iminentes em função dos resultados, como o caso da Samarco. Ou, como no caso da Americanas que, com informações privilegiadas, venderam suas ações antes da troca de comando da empresa protegendo seu patrimônio pessoal. 

A governança corporativa tem princípios estabelecidos e diversos mecanismos de controle criados para prevenir estas situações, mas que se mostram vulneráveis na maioria das situações com uma grande distância entre o discurso e a prática. E, não podemos esquecer que, empresas de todo porte e todos os setores de atuação não tomam decisões. Quem toma são seus líderes, baseados em seus motivos tanto pessoais como empresariais. Empresas não têm ambições ou ego; os líderes têm. Empresas não têm questões pessoais; seus líderes têm e, muitas vezes, o caminho trilhado por uma empresa acaba sendo o reflexo direto destas questões.

Muitas vezes, os indícios de que “algo está errado” estão camuflados em um discurso bem estruturado, em uma imagem de “pessoa do bem” devidamente construída, mesmo que de forma tosca, para simplesmente convencer as partes interessadas que as ações e intenções estão baseadas na ética e na verdade. Em uma sociedade empresarial, em uma decisão de investimento ou parceria, mais importante que analisar os resultados e as estratégias das empresas, é imprescindível observar detalhadamente quem está por trás de suas definições e o quanto há de interesses pessoais envolvidos, pois esses interesses são de curto prazo. Entender qual o nível de compromisso e comprometimento dos líderes, qual é a distância entre o que pregam e o que fazem, podem fazer grande diferença a longo prazo. 

Em uma tradução livre, com foco nesses detalhes que não podemos deixar passar, trago uma frase do pensador americano do século XIX Ralph Waldo Emerson que diz “suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir o que você diz”. 

O diabo mora os detalhes.

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